Queria não ter juízo.

Pois é, continuamos em um processo evolutivo. Simplesmente algumas pessoas não têm o dente siso. Minha vizinha faz parte desta raça mais evoluída, tinha grandes esperanças de que eu também fizesse parte deste grupo. Após completar 18 anos minhas esperanças aumentaram, já que dizem que eles nascem depois dessa idade e eles nem sinal deram. Estou com 21 anos, se meus dentes sisos tivessem dando algum sinal de estarem nascendo, meus dentes da frente estariam acavalados e não separados. Sempre achei horrível o fato de arrancar um dente. Me faz lembrar de algumas imagens que retratam o século 18.
No inicio do mês fui à minha dentista fazer uma limpeza, e ver como estava à possibilidade de meus sisos nascerem. Ela pediu para eu fazer um raio-x panorâmico dos meus dentes. Fiz o tal do raio-x. Quando o peguei, olhei contra a luz e com minha vasta sabedoria popular no âmbito da medicina (que chega a quase zero no quesito diagnóstico por imagem), vi todos os dentes bonitinhos em seus lugares. Enchi meu coração de esperança, pensando que nada seria arrancado da minha boca.
Ledo engano.
Ontem retornei na minha dentista para ela ver o raio-x. Ela me mostrou onde eles, os sisos, estavam e para a minha aflição ia precisar tirar dois deles. É a casa caiu. Minhas esperanças de pertencer a um seleto e evoluído grupo da raça humana, caíram por terra. Diz, a sabedoria popular, que o dente do siso é o dente do juízo. Bom, pelo que minha dentista falou tenho os quatro. Eu deveria ter ficado feliz, afinal agora eu sei que tenho juízo. Mas sinceramente preferia não ter juízo, ou seja, não ter os dentes sisos.